segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Problemáticas de Investigação


  • Tema 4 - Problemáticas de Investigação

    Identificar e escolher um artigo sobre design-based research (DBR).
    Com base nesse artigo, responda às seguintes questões: 1) Quais os aspectos mais inovadores da abordagem apresentada? 2) De que forma se relaciona com as abordagens tradicionais descritivo/qualitativo e/ou experimental/quantitativo? 3) Que dificuldades antecipam na sua implementação? 4) Quais as principais implicações/conclusões? 

    Tendo por base, o tema 4 – Problemáticas de Investigação, da unidade curricular Metodologias de Investigação em Educação, o presente trabalho assente na premissa que no campo da utilização das tecnologias no Ensino/Formação, é frequente que a própria investigação se possa traduzir em alterações profundas.
    Como resposta a isto, é possível optar pela vertente de investigação-acão, muito embora, tendo em vista inovações educativas, é possível a criação de projetos de investigação, recorrendo para tal ao método intitulado Investigação Aplicada sobre o Desenho, mais conhecido por (DBR – Design-based research).

    Este trabalho irá debruçar-se neste método, tendo como linhas orientadoras, as pesquisas efetuadas, o artigo escolhido “Dynamics of social roles in a knowledge management community”, as questões-orientadoras e orientações do docente e as várias reflexões dos colegas inscritos nesta UC.

    São quatro as questões-orientadoras:

    1) Quais os aspetos mais inovadores da abordagem apresentada?
     2) De que forma se relaciona com as abordagens tradicionais descritivo/qualitativo e/ou experimental/quantitativo?
    3) Que dificuldades antecipam na sua implementação?
    4) Quais as principais implicações/conclusões?

    1)
    Este método de investigação (DBR) pode ser visto como um conjunto de técnicas analíticas que fazem o balanceamento dos paradigmas positivistas e interpretativos, indo mais longe, há um conjunto de tentativas em fazer a ponte entre a teoria e a prática na educação. Podemos desta forma afirmar que existe uma mistura de pesquisa educacional empírica com a teoria de desenho orientado de ambientes de aprendizagem.

    O DBR torna-se assim uma importante metodologia para compreender como, quando e porquê as inovações educacionais funcionam na prática, por outro lado visa descobrir as relações entre a teoria educacional, artefato projetado, e a sua prática.

    O DBR consiste em várias fases de análise (reflexão) e intervenções para melhorar um sistema sócio-técnico ou comunidade (design), tendo por base um ciclo de atividades que podem ser alternados ou encadeados. Tal como nos diz Wang e Hannafin (2005), o DBR é “uma metodologia sistemática mas flexível destinado a melhorar as práticas de ensino através da análise iterativa, projeto, desenvolvimento, implementação e, com base na colaboração entre investigadores e profissionais em contextos do mundo real, e levando a princípios de design e teorias, contextualmente sensíveis."(p. 6).

    Recorrendo a esta abordagem, é possível aos investigadores cumprirem vários papéis, sejam como designers, profissionais (professores) ou mesmo investigadores. Esta abordagem visa compreender o fenômeno social ou sócio-técnica, bem como para melhorar a sua qualidade.

    Citando um dos investigadores que contribuíram para o desenvolvimento deste método, Collins et al. (2004), o DBR pretende abordar diversas necessidades e questões centrais para o estudo da aprendizagem, incluindo o seguinte:

    - A necessidade de abordar questões teóricas sobre a natureza da aprendizagem no seu contexto;

    - A necessidade de abordagens para o estudo da aprendizagem, fenómenos nas situações do mundo real, em vez do laboratório;

    - A necessidade de ir além das medidas confinadas de aprendizagem;

    - A necessidade de obter resultados de pesquisas de avaliação formativa.

    2)
    O artigo debruça-se nos fenómenos sócio-técnicos na sociedade, consequência do surgimento de uma comunidade orientada para aplicações assentes nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), por exemplo, a Wikipedia, com isto houve um aumento dos fenómenos sócio-técnicos na sociedade. Este trabalho apresenta os resultados de um estudo de campo qualitativo de uma Comunidade Sócio-Técnica (STC).

    Face às várias variáveis fruto da complexidade dos fenómenos estudados neste artigo, a abordagem usando o método DBR é de uma enorme ajuda, pois possui caraterísticas ímpares face às abordagens tradicionais:
     - A resolução de problemas complexos em contextos reais, em colaboração com as pessoas que os vivem;
    - Aplicabilidade com a integração dos princípios de desenho conhecidos e hipotéticos para tornar as soluções plausíveis;
    - Realização de investigação rigorosa que estimula a reflexão para testar e aperfeiçoar os ambientes de aprendizagem, criando inovação;
    - Por força dos objetivos estarem entrelaçados relativos ao desenho e ambientes de aprendizagem e ao desenvolvimento de teorias de aprendizagem;
    - Pesquisa e desenvolvimento através de ciclos contínuos de desenho,  promulgação, análise e redesenho;
    - Pesquisa sobre os projetos que devem levar a teorias que ajudam a comunicar e por conseguinte a partilhar as implicações relevantes para os profissionais da educação;
    - A pesquisa deve levar em conta como os projetos funcionam em cenários reais.
    Esta abordagem (DBR) ao utilizar métodos mistos para analisar os resultados de uma intervenção permite aperfeiçoá-la.  Ao contrário da abordagens tradicionais o método DBR vê uma inovação bem sucedida como um conjunto de produtos da intervenção concebidos e de contexto.  Assim, o DBR vai para além de aperfeiçoar um determinado produto.  A intenção da pesquisa assente em DBR é inquirir de forma mais ampla sobre a natureza da aprendizagem num sistema complexo e para refinar teorias generativas ou preditivas de aprendizagem.  Tal como no artigo em análise, os modelos de inovação bem-sucedidos podem ser gerados através do trabalho. Há uma clara complementaridade desta abordagem (DBR) e as abordagens tradicionais, muito embora aproveitando o que lhe é útil, tendo por base os princípios que o regem.
    3)
    Com base no artigo analisado, a Investigação Aplicada sobre o Desenho exige um esforço considerável de tempo, bem como a quantidade de intervenientes envolvidos, desde os próprios investigadores até aos intervenientes educativos, estes requisitos podem comprometer a sua implementação, mas num tempo de austeridade, os custos envolvidos podem condicionar, em muito o seu sucesso.
    Por outro lado, importa ter em conta outros dois aspetos relevantes e que certamente antecipam dificuldades na sua implementação, sendo um método interativo, este acaba por gerar uma redundância de dados que obriga a um esforço de análise adicional, o que nem sempre se traduz nos resultados. Outro aspeto é uma inexistência de “guide lines”, o que certamente contribuiria para avaliar a relevância de um dado desenho, nomeadamente, relativamente ao tempo disponível para a realização do estudo.
    4)
    Estamos perante uma abordagem arrojada, inovadora em muitos aspetos, dando ênfase à interação. 

    Para o sucesso desta abordagem, tem que existir um saber trabalhar em equipa, logo partilha do conhecimento, entre investigadores e utilizadores.
    Tal como nos descreve o artigo, a investigação é conduzida em contexto real, como tal, há um conjunto de caraterísticas inerentes a uma forma pragmática, ao assentar quer na vertente teórica, quer na vertente real. Daqui resulta uma complexidade e uma dinâmica próprias do constante ajustamento entre análise e o desenho, o que implica novas avaliações e um aumento do tempo.
    Sendo uma investigação integradora, os dados provenientes das várias fontes contribuem para dar fiabilidade às pesquisas.  
    Em jeito de conclusão é de referir o caráter prático desta abordagem, o que no contexto não só do artigo abordado, face a uma especificidade própria, mas também no contexto geral educacional, é sem dúvida uma mais-valia, a par da envolvência de todos neste processo. Quer isto dizer que não são só, os investigadores, os agentes educacionais, os entrevistados, todos são coparticipantes deste processo.


    Nota: Em virtude deste artigo ter sido recuperado no âmbito de pesquisas efetuadas via plataforma B-On, o mesmo não pode ser disponibilizado aqui de forma integral neste espaço,  mas pode ser acedido a quem possui acesso a esta plataforma.

    Bibliografia:
    Barab, S., & Squire, K. (2004). Design-based research: Putting a stake in the ground. The Journal of the Learning Sciences, 13(1).
    Brown, A. L. (1992). Design experiments: Theoretical and methodological challenges in creating complex interventions in classroom settings. The Journal of the Learning Sciences, 2(2): 141-178.
    Cobb, P., diSessa, A., Lehrer, R., Schauble, L. (2003). Design experiments in educational research. Educational Researcher, 32(1): 9-13.
    Collins, A. (1992). Towards a design science of education. In E. Scanlon & T. O’Shea (Eds.), New directions in educational technology (pp. 15-22). Berlin: Springer.
    http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0747563209001411 Acedido em 7 de Fevereiro de 2012

    Contribuição no Fórum:
    Design-Based Research (DBR)- a discussão.

    Caro Professor e caros Colegas,

    Partindo de uma pesquisa efetuada, tendo por base a utilização da plataforma B-On, é proposto este artigo publicado pela Elsevier da autora Isa Jahnke da Universidade de Tecnologia de Dortmund, Alemanha, intitulado “Dynamics of social roles in a knowledge management community”.

    A escolha deste artigo e a utilização do método que importa abordar não foi assim tão inocente, desde já porque aborda temas que eu considero relevantes para a nossa área, mas também, é um estudo que interessa às instituições de ensino.

    O artigo debruça-se nos fenómenos sócio-técnicos na sociedade, consequência do surgimento de uma comunidade orientada para aplicações assentes nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), por exemplo, a Wikipedia, com isto houve um aumento dos fenómenos sócio-técnicos na sociedade. Este trabalho apresenta os resultados de um estudo de campo qualitativo de uma Comunidade Sócio-Técnica (STC). 

    Com a utilização de uma abordagem baseada em pesquisa de design (DBR), foi possível revelar mudanças das estruturas sociais, papéis sociais dentro da Comunidade Sócio-Técnica ao longo do tempo.

    A conclusão principal desta investigação, é que cada comunidade sócio-técnica – redes de computadores mediadas pela comunicação e interação humana envolve um tipo específico de estrutura social, a qual é mais formal do que informal.

    Investigações recentes têm mostrado tendências emergentes sobre a forma como as estruturas sociais nas comunidades evoluem. Segundo Viegas, Wattenberg, Jesse e Van Ham (2007), estes investigadores estudaram a comunidade Wikipedia e encontraram um incremento das atividades de coordenação entre 2003 e 2007. Embora a participação nesta plataforma seja auto-regulada, aliás um dos seus potenciais, a comunidade Wikipedia coloca ênfase na coordenação do grupo (Viegas e tal., 2007, p. 1530).

    De 2001 a 2008, foi levado a cabo um estudo de campo de longo prazo assente em design-based research (DBR). 

    O DBR consiste em várias fases de análise (reflexão) e intervenções para melhorar um sistema sócio-técnico ou comunidade (design), tendo por base um ciclo de atividades que podem ser alternados ou encadeados. Tal como nos diz Wang e Hannafin (2005), o DBR é “uma metodologia sistemática mas flexível destinado a melhorar as práticas de ensino através da análise iterativa, projeto, desenvolvimento, implementação e, com base na colaboração entre investigadores e profissionais em contextos do mundo real, e levando a princípios de design e teorias, contextualmente sensíveis."(p. 6).

    Recorrendo a esta abordagem, é possível aos investigadores cumprirem vários papéis, sejam como designers, profissionais (professores) ou mesmo investigadores. Esta abordagem visa compreender o fenômeno social ou sócio-técnica, bem como para melhorar a sua qualidade.


    Esquema geral da abordagem DBR, com base no artigo em análise

    Por último destaco os procedimentos deste estudo, a sua ordem ao longo do tempo, assente numa abordagem hermenêutica que foi integrada no modelo DBR do estudo de campo de longa duração.

    - Fase 1 (análise de entrevistas qualitativas): De 2001 a 2002;
    - Fase 2 (intervenção): Os resultados das entrevistas (fase 1);
    - Fase 3 (reflexão por questionário e início de observações etnográficas on-line);
    - Fase 4 (intervenção);
    - Fase 5 (análise por meio de entrevistas / inquéritos pequeno);
    - Fase 6 (intervenção);
    - Fase 7 (análise por linha observações etnográficas e estatísticas);
    - Fase 8 (de intervenção);
    - Fase 9 (análise / questionário).

    Bom trabalho,

    Jorge Soares



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