terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Análise e considerações finais

Fazendo uma retrospetiva desta unidade curricular, a primeira característica que destaco é o enorme desafio de ter que analisar, refletir as várias atividades desta UC. Agora que chega ao fim este importante percurso que é a parte curricular do meu Mestrado, posso afirmar que a Metodologias de Investigação em Educação, é inquestionavelmente a unidade curricular mais transversal e completa em termos de conteúdo neste Mestrado. Por outras palavras, os conhecimentos teóricos requerem uma cultura social, pedagógica, científica que nos exige dedicação, discernimento e capacidade de introspeção.

Pegando um bocado nas minhas competências enquanto auditor, numa análise SWOT, apontaria como "Forças" a mais-valia que o conteúdo programático desta UC representa para o nosso curso. Considero que a Universidade Aberta, através da coordenação deste Mestrado consegue introduzir uma verdadeira disciplina agregadora das diversas áreas científicas transmitindo ao estudante o estado de arte e as boas práticas necessárias a uma adequada familiarização com os procedimentos metodológicos que norteiam e permitem a realização de uma investigação no campo da Educação. Como "Fraquezas" diria que não existem nesta edição, pelo simples facto do docente, o Prof.ª Doutor António Moreira, possuir excelentes competências técnico-científicas e uma vasta produção científica, o que se ajusta aos objetivos ambiciosos desta UC. Quanto às oportunidades estas são imensas, desde já o conhecimento adquirido, para quem pretende fazer carreira na criação e transmissão do conhecimento. Entender os processos, os diversos métodos e paradigmas existentes na investigação no campo da Educação, é uma necessidade premente para os desafios que todos os profissionais ligados à Educação têm pela frente. Só apostando na investigação é possível colocar a Educação à frente das mudanças sociais que estão acontecer a um nível global ou pelo menos ser um ator ativo. As "Ameaças" são algumas e desde logo constato as enormes mudanças que estão acontecer um pouco por todo lado, o que exige quem saiba pensar e possua sensibilidade e gosto pela investigação, fazendo desta forma a ponte entre a investigação e a educação. Por outro lado temos uma enorme e brutal redução de verbas para investigação e deslocalização para outros países de gente que sabe pensar. Sem investigação e conhecimento, a educação morre e com ela um país.

Embora esta análise reflita uma pequena amostra daquilo que foi possível interiorizar desta UC, não posso deixar de esmiuçar alguns aspetos curiosos, desde já as sessões de análise nos diversos fóruns. Estando eu perante colegas com muita experiência, diferentes áreas científicas, localizações geográficas diversas, foram momentos de partilha muito profícuos, por vezes desgastantes, pois um debate participativo, pressupõe uma dinâmica própria que importa saber acompanhar. Todos nós trabalhamos, temos família, a gestão criteriosa do tempo é algo complexa nos dias de hoje. Foram autênticas sessões de "brainstorming" contagiante, sempre com o olhar atento do Prof. António e as suas observações pertinentes.

O trabalho em equipa enquanto membro do grupo E-Sophi@, considero que foi uma interessante e enriquecedora oportunidade para realizar trabalho em equipa em prol da investigação.

Destaco a atividade 2, a 7.ª fase, onde por algum tempo foi possível fazer trabalho de campo e vestir a pele de verdadeiro investigador.

Um agradecimento ao Professor Doutor António e todos os meus colegas que comigo fizeram este percurso, contribuindo para o conhecimento coletivo e colaborativo.

Levo desta experiência um saldo muito positivo.

Jorge Soares

Publicação de artigos

Face aos interessantes conteúdos desta unidade curricular, julgo que já é tempo de meter a mão na massa e colocar em prática os ensinamentos.

Nesta base decidi partilhar neste espaço que é de todos para todos, a excelente apresentação dada num workshop na UP - Universidade do Porto, intitulada  "How to get your article published" que realça vários aspectos técnicos e éticos de como e onde publicar artigos científicos.















































Espero que apreciem.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Problemáticas de Investigação


  • Tema 4 - Problemáticas de Investigação

    Identificar e escolher um artigo sobre design-based research (DBR).
    Com base nesse artigo, responda às seguintes questões: 1) Quais os aspectos mais inovadores da abordagem apresentada? 2) De que forma se relaciona com as abordagens tradicionais descritivo/qualitativo e/ou experimental/quantitativo? 3) Que dificuldades antecipam na sua implementação? 4) Quais as principais implicações/conclusões? 

    Tendo por base, o tema 4 – Problemáticas de Investigação, da unidade curricular Metodologias de Investigação em Educação, o presente trabalho assente na premissa que no campo da utilização das tecnologias no Ensino/Formação, é frequente que a própria investigação se possa traduzir em alterações profundas.
    Como resposta a isto, é possível optar pela vertente de investigação-acão, muito embora, tendo em vista inovações educativas, é possível a criação de projetos de investigação, recorrendo para tal ao método intitulado Investigação Aplicada sobre o Desenho, mais conhecido por (DBR – Design-based research).

    Este trabalho irá debruçar-se neste método, tendo como linhas orientadoras, as pesquisas efetuadas, o artigo escolhido “Dynamics of social roles in a knowledge management community”, as questões-orientadoras e orientações do docente e as várias reflexões dos colegas inscritos nesta UC.

    São quatro as questões-orientadoras:

    1) Quais os aspetos mais inovadores da abordagem apresentada?
     2) De que forma se relaciona com as abordagens tradicionais descritivo/qualitativo e/ou experimental/quantitativo?
    3) Que dificuldades antecipam na sua implementação?
    4) Quais as principais implicações/conclusões?

    1)
    Este método de investigação (DBR) pode ser visto como um conjunto de técnicas analíticas que fazem o balanceamento dos paradigmas positivistas e interpretativos, indo mais longe, há um conjunto de tentativas em fazer a ponte entre a teoria e a prática na educação. Podemos desta forma afirmar que existe uma mistura de pesquisa educacional empírica com a teoria de desenho orientado de ambientes de aprendizagem.

    O DBR torna-se assim uma importante metodologia para compreender como, quando e porquê as inovações educacionais funcionam na prática, por outro lado visa descobrir as relações entre a teoria educacional, artefato projetado, e a sua prática.

    O DBR consiste em várias fases de análise (reflexão) e intervenções para melhorar um sistema sócio-técnico ou comunidade (design), tendo por base um ciclo de atividades que podem ser alternados ou encadeados. Tal como nos diz Wang e Hannafin (2005), o DBR é “uma metodologia sistemática mas flexível destinado a melhorar as práticas de ensino através da análise iterativa, projeto, desenvolvimento, implementação e, com base na colaboração entre investigadores e profissionais em contextos do mundo real, e levando a princípios de design e teorias, contextualmente sensíveis."(p. 6).

    Recorrendo a esta abordagem, é possível aos investigadores cumprirem vários papéis, sejam como designers, profissionais (professores) ou mesmo investigadores. Esta abordagem visa compreender o fenômeno social ou sócio-técnica, bem como para melhorar a sua qualidade.

    Citando um dos investigadores que contribuíram para o desenvolvimento deste método, Collins et al. (2004), o DBR pretende abordar diversas necessidades e questões centrais para o estudo da aprendizagem, incluindo o seguinte:

    - A necessidade de abordar questões teóricas sobre a natureza da aprendizagem no seu contexto;

    - A necessidade de abordagens para o estudo da aprendizagem, fenómenos nas situações do mundo real, em vez do laboratório;

    - A necessidade de ir além das medidas confinadas de aprendizagem;

    - A necessidade de obter resultados de pesquisas de avaliação formativa.

    2)
    O artigo debruça-se nos fenómenos sócio-técnicos na sociedade, consequência do surgimento de uma comunidade orientada para aplicações assentes nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), por exemplo, a Wikipedia, com isto houve um aumento dos fenómenos sócio-técnicos na sociedade. Este trabalho apresenta os resultados de um estudo de campo qualitativo de uma Comunidade Sócio-Técnica (STC).

    Face às várias variáveis fruto da complexidade dos fenómenos estudados neste artigo, a abordagem usando o método DBR é de uma enorme ajuda, pois possui caraterísticas ímpares face às abordagens tradicionais:
     - A resolução de problemas complexos em contextos reais, em colaboração com as pessoas que os vivem;
    - Aplicabilidade com a integração dos princípios de desenho conhecidos e hipotéticos para tornar as soluções plausíveis;
    - Realização de investigação rigorosa que estimula a reflexão para testar e aperfeiçoar os ambientes de aprendizagem, criando inovação;
    - Por força dos objetivos estarem entrelaçados relativos ao desenho e ambientes de aprendizagem e ao desenvolvimento de teorias de aprendizagem;
    - Pesquisa e desenvolvimento através de ciclos contínuos de desenho,  promulgação, análise e redesenho;
    - Pesquisa sobre os projetos que devem levar a teorias que ajudam a comunicar e por conseguinte a partilhar as implicações relevantes para os profissionais da educação;
    - A pesquisa deve levar em conta como os projetos funcionam em cenários reais.
    Esta abordagem (DBR) ao utilizar métodos mistos para analisar os resultados de uma intervenção permite aperfeiçoá-la.  Ao contrário da abordagens tradicionais o método DBR vê uma inovação bem sucedida como um conjunto de produtos da intervenção concebidos e de contexto.  Assim, o DBR vai para além de aperfeiçoar um determinado produto.  A intenção da pesquisa assente em DBR é inquirir de forma mais ampla sobre a natureza da aprendizagem num sistema complexo e para refinar teorias generativas ou preditivas de aprendizagem.  Tal como no artigo em análise, os modelos de inovação bem-sucedidos podem ser gerados através do trabalho. Há uma clara complementaridade desta abordagem (DBR) e as abordagens tradicionais, muito embora aproveitando o que lhe é útil, tendo por base os princípios que o regem.
    3)
    Com base no artigo analisado, a Investigação Aplicada sobre o Desenho exige um esforço considerável de tempo, bem como a quantidade de intervenientes envolvidos, desde os próprios investigadores até aos intervenientes educativos, estes requisitos podem comprometer a sua implementação, mas num tempo de austeridade, os custos envolvidos podem condicionar, em muito o seu sucesso.
    Por outro lado, importa ter em conta outros dois aspetos relevantes e que certamente antecipam dificuldades na sua implementação, sendo um método interativo, este acaba por gerar uma redundância de dados que obriga a um esforço de análise adicional, o que nem sempre se traduz nos resultados. Outro aspeto é uma inexistência de “guide lines”, o que certamente contribuiria para avaliar a relevância de um dado desenho, nomeadamente, relativamente ao tempo disponível para a realização do estudo.
    4)
    Estamos perante uma abordagem arrojada, inovadora em muitos aspetos, dando ênfase à interação. 

    Para o sucesso desta abordagem, tem que existir um saber trabalhar em equipa, logo partilha do conhecimento, entre investigadores e utilizadores.
    Tal como nos descreve o artigo, a investigação é conduzida em contexto real, como tal, há um conjunto de caraterísticas inerentes a uma forma pragmática, ao assentar quer na vertente teórica, quer na vertente real. Daqui resulta uma complexidade e uma dinâmica próprias do constante ajustamento entre análise e o desenho, o que implica novas avaliações e um aumento do tempo.
    Sendo uma investigação integradora, os dados provenientes das várias fontes contribuem para dar fiabilidade às pesquisas.  
    Em jeito de conclusão é de referir o caráter prático desta abordagem, o que no contexto não só do artigo abordado, face a uma especificidade própria, mas também no contexto geral educacional, é sem dúvida uma mais-valia, a par da envolvência de todos neste processo. Quer isto dizer que não são só, os investigadores, os agentes educacionais, os entrevistados, todos são coparticipantes deste processo.


    Nota: Em virtude deste artigo ter sido recuperado no âmbito de pesquisas efetuadas via plataforma B-On, o mesmo não pode ser disponibilizado aqui de forma integral neste espaço,  mas pode ser acedido a quem possui acesso a esta plataforma.

    Bibliografia:
    Barab, S., & Squire, K. (2004). Design-based research: Putting a stake in the ground. The Journal of the Learning Sciences, 13(1).
    Brown, A. L. (1992). Design experiments: Theoretical and methodological challenges in creating complex interventions in classroom settings. The Journal of the Learning Sciences, 2(2): 141-178.
    Cobb, P., diSessa, A., Lehrer, R., Schauble, L. (2003). Design experiments in educational research. Educational Researcher, 32(1): 9-13.
    Collins, A. (1992). Towards a design science of education. In E. Scanlon & T. O’Shea (Eds.), New directions in educational technology (pp. 15-22). Berlin: Springer.
    http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0747563209001411 Acedido em 7 de Fevereiro de 2012

    Contribuição no Fórum:
    Design-Based Research (DBR)- a discussão.

    Caro Professor e caros Colegas,

    Partindo de uma pesquisa efetuada, tendo por base a utilização da plataforma B-On, é proposto este artigo publicado pela Elsevier da autora Isa Jahnke da Universidade de Tecnologia de Dortmund, Alemanha, intitulado “Dynamics of social roles in a knowledge management community”.

    A escolha deste artigo e a utilização do método que importa abordar não foi assim tão inocente, desde já porque aborda temas que eu considero relevantes para a nossa área, mas também, é um estudo que interessa às instituições de ensino.

    O artigo debruça-se nos fenómenos sócio-técnicos na sociedade, consequência do surgimento de uma comunidade orientada para aplicações assentes nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), por exemplo, a Wikipedia, com isto houve um aumento dos fenómenos sócio-técnicos na sociedade. Este trabalho apresenta os resultados de um estudo de campo qualitativo de uma Comunidade Sócio-Técnica (STC). 

    Com a utilização de uma abordagem baseada em pesquisa de design (DBR), foi possível revelar mudanças das estruturas sociais, papéis sociais dentro da Comunidade Sócio-Técnica ao longo do tempo.

    A conclusão principal desta investigação, é que cada comunidade sócio-técnica – redes de computadores mediadas pela comunicação e interação humana envolve um tipo específico de estrutura social, a qual é mais formal do que informal.

    Investigações recentes têm mostrado tendências emergentes sobre a forma como as estruturas sociais nas comunidades evoluem. Segundo Viegas, Wattenberg, Jesse e Van Ham (2007), estes investigadores estudaram a comunidade Wikipedia e encontraram um incremento das atividades de coordenação entre 2003 e 2007. Embora a participação nesta plataforma seja auto-regulada, aliás um dos seus potenciais, a comunidade Wikipedia coloca ênfase na coordenação do grupo (Viegas e tal., 2007, p. 1530).

    De 2001 a 2008, foi levado a cabo um estudo de campo de longo prazo assente em design-based research (DBR). 

    O DBR consiste em várias fases de análise (reflexão) e intervenções para melhorar um sistema sócio-técnico ou comunidade (design), tendo por base um ciclo de atividades que podem ser alternados ou encadeados. Tal como nos diz Wang e Hannafin (2005), o DBR é “uma metodologia sistemática mas flexível destinado a melhorar as práticas de ensino através da análise iterativa, projeto, desenvolvimento, implementação e, com base na colaboração entre investigadores e profissionais em contextos do mundo real, e levando a princípios de design e teorias, contextualmente sensíveis."(p. 6).

    Recorrendo a esta abordagem, é possível aos investigadores cumprirem vários papéis, sejam como designers, profissionais (professores) ou mesmo investigadores. Esta abordagem visa compreender o fenômeno social ou sócio-técnica, bem como para melhorar a sua qualidade.


    Esquema geral da abordagem DBR, com base no artigo em análise

    Por último destaco os procedimentos deste estudo, a sua ordem ao longo do tempo, assente numa abordagem hermenêutica que foi integrada no modelo DBR do estudo de campo de longa duração.

    - Fase 1 (análise de entrevistas qualitativas): De 2001 a 2002;
    - Fase 2 (intervenção): Os resultados das entrevistas (fase 1);
    - Fase 3 (reflexão por questionário e início de observações etnográficas on-line);
    - Fase 4 (intervenção);
    - Fase 5 (análise por meio de entrevistas / inquéritos pequeno);
    - Fase 6 (intervenção);
    - Fase 7 (análise por linha observações etnográficas e estatísticas);
    - Fase 8 (de intervenção);
    - Fase 9 (análise / questionário).

    Bom trabalho,

    Jorge Soares